Gratidão de Natal

Eveli Peixoto, nossa linda colaboradora, traduzindo em poema o espírito de Natal para Novo Contexto!


Já diziam se as próprias palavras... É Natal! Tempo de celebrarmos a vida, tempo de celebrarmos o recomeço, de renovarmos a esperança e a fé em uma nova vida, em um novo ano.

Tempo de agradecer por tudo o que vivemos até hoje, pelas coisas boas que nos trouxeram êxtase, nos deixaram atônitos, sem fôlego, sem palavras...

É tempo de se lembrar tudo que aconteceu de ruim, sim temos que lembrar! Nos faz crescer para sermos melhores a cada dia, a cada ano.

Aprendemos com nossos erros, com os erros dos próximos, e assim renascemos.

O Renascimento nos torna únicos, seres diferentes que agregam um pedacinho para dar continuidade a história, seja ela fictícia, ou seja ela a sua vida.

Lembre-se sempre de agradecer, por tudo e por todos que passaram pelo seu caminho, cada um agregou uma fagulha de centelho para que você fosse o que é hoje!

Celebre sempre!

Celebre um sorriso, um abraço, um soluço, uma lágrima, um choro cantado alto, uma tristeza...

Celebre por poder sentir - se, sentir seu corpo, sentir as pessoas, sentir amor ao próximo...Celebre por estar vivo!

Por ter sido criado do amor mais sublime, e repasse isso adiante, nunca deixe de sentir, de demonstrar.

Celebre a vida, e quem faz parte dela, afinal só temos uma vida e ela é para ser vivida!

Boas Festas!

Poema Dia das Crianças

Eveli Peixoto de Souza*

Crianças, a vocês lhe desejo...

Chuva de jujubas, balas, pirulitos...

Ventos de suspiro,

Nuvens de algodão doce, com chuva de beijinhos...

Toda criança merece um lar,

Merece ser amada, respeitada, aplaudida.

Criança é o ser mais puro que existe em vida!

Criança é surpresa, é entusiasmo, é imaginação, é curiosidade.

Criança é a promessa de um futuro melhor,

É a esperança que se refaz na alma,

Sentimento aquele que muitos adultos deixaram de viver,

É a realidade para que nós possamos ser alguém melhor.

Criança tem que ter o direito de sonhar, brincar, amar, estudar.

Criança tem que ter o direito de ser Criança!

Criança amiga, apenas um desejo lhe pediria...

Lembre-se que na vida tudo é possível se acreditar,

Nunca deixe de sonhar!

*Esse poema lindo, elaborado, especialmente, para Novo Contexto é de nossa colaboradora Eveli Peixoto de Souza que sempre nos brinda com seu talento nas datas especiais. Veja outros aqui!

Feliz Dia dos Pais

Presente de nossa colaboradora especial, Eveli Peixoto de Souza*, a todos os pais de Novo Contexto.Parabéns a todos vocês que cumprem esse papel importante na vida dos filhos!!

Pai...

E de repente me tornei pai!

Nem sabia que existia, mas sentia que existia.

Aos poucos foi tomando forma dentro da barriga.

A barriga mais bela do mundo, aquela redonda, oval, sem forma, com formas...

que mudava a cada mexida, a cada comida, a cada toque na barriga.

O tempo foi passando, e a cada crescida a expectativa aumentava.

E quando não cabia mais no meu único amor, se multiplicou e se tornou dois.

Tão pequena (o), tão frágil, tão ela (ele), tão eu, tão nós!

A cada olhar, a cada riso, a cada choro...

Me encantava, me apaixonava e meu mundo que era tão grande,

Ficou tão pequeno, tão frágil.... Fui nocauteado por um amor que não cabia mais no peito,

E que transcendeu na melhor forma que poderia existir.

Me tornei pai!

Virei amigo, confidente, super-herói... Algumas vezes fui inimigo, chato, conservador, antiquado, protetor demais...

Me tornei amor!

A vida passa tão depressa, mas o que não passa é a felicidade e o encanto no olhar de quem amamos...

Me tornei pai de repente, mas mais que de repente me transformei para multiplicar o amor.

Me tornei pai!

Brasil, meu Brasil!

Acorda Brasil!

As vozes estão caladas, olhares de espanto...

Já não pode ser ouvido os gritos, os cantos.

A voz do povo foi calada,

Calada por atos que dia a dia matam o Brasil.

Acorda Brasil!

Não deixe que matem seu amor, sua união, seu respeito.

Acorda para o sorriso, para a festa, para o resquício da alegria...

Mas não te esqueças de lutar por quem tu és.

Acorda Brasil!

O narrador está inquieto, afoito, aflito...

Em sua narrativa, a emoção e o peso da bola,

bola essa que rola em meio aos pés desesperados.

Acorda Brasil!

Ergueram-se as bandeiras do mundo, ergue a tua e grita!

Enche teu peito de emoção, esqueça aqueles que estão querendo matar o Brasil,

Alegra-te com as festas, com as cores, com as vozes que gritam por seus países.

Acorda Brasil!

Usa sua voz, para vibrar, torcer, se emocionar...

Mas não te esqueças de lutar por um futuro melhor!

Nossa colaboradora Eveli nos brinda mais uma vez, com um poema elaborado, especialmente, para os torcedores de Novo Contexto sobre o assunto da atualidade: Brasil, seus desafios e o Mundial!


"Os poemas que escrevo são inspirações que surgem do momento, se não conseguir sentir a emoção do que eu quero colocar no papel, não adianta que não vai sair nenhuma palavra." 


Eveli Peixoto de Souza, 33, começou a escrever na adolescência, tendo como inspirações grandes nomes como William Shakespeare, Alphonsus Guimaraes e Cruz e Sousa. De início montava textos tirando trechos de escritores e com o tempo passou a escrever os próprios poemas baseados nas experiências em sua vida. 

Feliz Dia dos Namorados
Devaneios de Amor

Por Eveli Peixoto, nossa cara colaboradora é casada, apaixonada por animais, natureza e poemas. Logo traremos mais!!

Ai! Quem dera,

Quem pudera,

Quem me dera!

Coração aflito palpita sobre o infinito,

Salteia sobre o peito expandido,

Enrubesce a face dos amantes escondidos.

Escondidos?

Escondidos dos devaneios da dor,

Que amante quer sofrer por amor?

Pudera eu cair na vermelhidão do horizonte do céu,

Encharcar meus pinceis desse rubro e pintar-te um coração no oceano do mais azul profundo.

Quem dera eu poder ter essa dadiva alcançada pelos anjos,

Capazes de trazer o amor na ponta de uma flecha,

O mais sublime amor.

Aquele amor que congela, que acolhe, que sorri...

Amor de amor, amor de amar, amor por amor.

Ai! Quem dera,

Quem pudera,

Quem me dera!

Olhar-te nos olhos, inspirar o mais profundo ar e gritar para o mundo como é bom te amar. 

Conto

Na edição de estréia, trazemos a escritora Camila Serrador, bibliotecária na Unesp de Araraquara (SP), onde mora. Escritora desde os 12 anos, começou bolando poemas (dos quais tem vergonha), alguns romances (dos quais tem mais vergonha ainda) e, finalmente, contos. Gosta tanto de ler que se lembra do primeiro livro que ganhou na vida e tem pilhas intermináveis deles em casa. Adora Agatha Christie, admira Haruki Murakami, queria escrever como Ian MC Ewan. Acompanhe suas narrativas aqui! 

Em Terra vermelha, os personagens inquietam e surpreendem. Em Casa de Lucinda, um homem na cadeia trama sua fuga para retornar à mulher que ama; já em Amortecida, uma senhora lida com seu passado e sua sexualidade. Em A névoa da cidade, uma garota faz uma descoberta que muda seu destino; em Rota 66, um jogo de verdade ou desafio sai do controle. Entremeada nos 20 contos do livro, uma realidade intoxicante e perturbadora espera o leitor, lembrando-o de que nas situações mais comuns do dia a dia pode existir o inesperado. Terra vermelha guia o leitor pelo lado desconhecido de pessoas comuns, mostrando que elas podem ser muito mais do que aparentam.  O livro está disponível no site da editora Patuá e também com a escritora pelo e-mail caserrador@gmail.com

A Fazenda Palmeiras dos Domingos

Francisco Domingos, fazendeiro, pai de sete filhos e esposo de minha bisavó e possuidor de várias amantes. Batia nas crias e na mulher, virou vereador da cidade de Monte Alegre e esgotou sua vida com um tiro direto na cabeça, deixando para trás a fazenda Palmeiras e uma rotatória em sua homenagem no centro da cidade. Esse mesmo homem não poderia imaginar que sua história ou a história de sua terra estaria contada agora, 21 anos após a sua morte.

Tenho altas histórias nessa fazenda. A frequentava desde a barriga da minha mãe. Quando criança, corria do Zorro (cachorro enorme da casa), andava a cavalo, pisava nas montanhas de bosta deixadas pelas vacas na beira da estradinha de areia e terra; montanhas tais que meus primos cobriam com areia para que eu achasse que só afundaria os pés nela. Ao sentir o excremento, muitas vezes quente, me cobrir até os calcanhares, gritava alegre e corria em casa pedir que minha mãe me lavasse os pés.

Corríamos em volta da imensa mangueira, via minha avó matar galinhas que comeríamos no almoço, experimentei carne de rã pela primeira vez. Aprendi a usar uma espingarda para atingir latinhas na cerca, vi meu tio cortando a cabeça de uma cobra enorme e amarela que fora encontrada perto da casa. Inúmeras vezes o vi cintando a bunda dos meus dois primos debruçados sobre a cama, após aprontarem alguma. Participei de caça aos ovos de páscoa, que minha avó escondia pela casa na época do feriado, e nos dava pistas a partir de pedacinhos de algodão "Coelhinho da Páscoa passou por aqui!".

Montava estradinhas de argila na beira do lago perto da casa, e brincava com meus primos de carrinho por ali; isso quando não estávamos dentro do próprio lago, num bote amarelo que pertencia ao meu primo mais velho. "Sai daí vocês dois que tem jacaré!". Meu sonho era ver um jacaré, mas nunca nos aconteceu nada. A maior parte do tempo passávamos andando de buggy (do meu primo mais novo) pelas estradinhas, ao lado de montes imensos de areia e plantações de laranja e cana que a família tinha. Escorregávamos todos nesse montes de areia e até os adultos se divertiam. Saía com a bunda vermelha pela fricção do tecido nos pedaços granulosos de pedra, mas sempre sorrindo. Meu rosto era feito de toda ingenuidade e pureza do mundo, cabelinhos muito pretos e lisos batendo nos ombros, franjinha até a altura dos olhos escuros, sardinhas no nariz. Sorriso. A perfeita figura de uma criança satisfeita.

Minha mãe me comprava conjuntinhos de vestir da Lilica Ripilica, uma espécie de ratinha de vestido. Eu tinha dois preferidos: um amarelo (blusinha e saia), que continha desenhos da Lilica pintando; e um vermelho (camiseta e shortinho) que mostrava um rolo de fotografia com várias imagens da ratinha. Um dia eis que estava que estava toda adorável com esse último conjuntinho, passeando pela estradinha que passava na frente da casa da fazenda, quando uma quantidade interminável de vacas apareceu, provavelmente tocadas por algum moço de cavalo lá longe. Quando uma das vacas me viu coberta da cor vermelha, desatou a correr em minha direção. Eu, mesmo com a idade de seis ou sete anos, boba que não era, corria e gritava. Temia não conseguir chegar em casa a tempo. Olhei para trás no meio de toda minha correria e vi a vaca abaixando a cabeça, preparando para o impacto com meu corpinho frágil e magrelo. Atraído pelos meus gritos, meu primo mais velho surgiu. Eduardo se lançou na frente da vaca e abanava as mãos para distraí-la, enquanto entrei em casa correndo chorando. Depois levei uma bronca dele e meu conjuntinho vermelho nunca mais foi usado ali.

Também pescávamos. Um dia meus primos me ensinaram a lançar a vara de pescar e praticamos na horta da casa. Leandro lançou e fisgou um gato que dormi tranquilamente em meio às hortaliças. Foi um rebu, mas não me lembro se o gato morreu. Um dia desci com os dois primos para uma valeta que era alimentada com a água do lago, todos com nossa varinha de pescar. Chamamos Raquel e Daniel, os dois filhos de Zé Preto, o capataz da fazenda. Raquel era dois anos mais velhas que eu, e Daniel tinha a mesma idade que a minha. Meus primos diziam que ele gostava de mim. Naquele dia, pesquei um peixinho sem mesmo usar isca! Não tinha coragem de colocar a mão nas minhocas, e meus primos admiravam a Raquel por pegá-las sem problema algum e enfiá-las no anzol. Um dia ela me ensinou a fazer isso também.

Naquela época eu achava que pessoas muito negras eram diferentes de mim porque tomavam muito café. Eu nunca tomava café. (Leia mais)